segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Urubici - Anitápolis - Florianópolis 05-07/08/2011

A idéia surgiu do colega Nivaldo. Ele me perguntou se eu toparia o "desafrio" e na hora demonstrei minha empolgação. Tudo agendado, pousadas reservadas, microonibus e ... 23 corajosos. Já foi deixado bem claro desde o princípio que não haveria possibilidade de mudanças, o pedal iria rolar faça sol ou chuva (ou no caso de Urubici, neve)l. A semana que antecedeu ao pedal fez muitooooo frio em Florianopolis, a idéia de pedalar em Urubici abaixo de 0oC me apavorava. Confeso que pensei váaaaarias vezes em desistir.

Na quinta-feira conversei com o Felipe, meu parceiro no trabalho que também participou da aventura, olhamos pela última vez a previsão do tempo, 7oC, e nos pragramamos para a aventura. Combinamos que eu viria com minhas coisas para o trabalho e ele iria de carona comigo para a Ciclovil, nosso ponto de encontro.

Quinta-feira a noite preparei minha bagagem e meus lanchinhos (sanduiche de pão integral com patê de tofu e nozes + bolo integral de alfarroba) e na sexta pela manhã já fui trabalhar com toda a tralha no carro para a viagem.

Saimos do trabalho as 17h30, passamos na casa do Felipe para pegar a bike dele (aproveitei para filar um café) e, por volta das 19h15, partimos em direção à Ciclovil. O horário marcado para a saída era 20h, mas o ônibus saiu dali 21h30, aja paciência.


O pessoal no micro-ônibus estava animado, violão, vodka + energético e, para finalizar, batida de maracujá, meu Deus não aquela garrafa desde minha adolescência (rsrsrs). Fiquei imaginando como alguns deles iriam pedalar amanhã, sabendo que a bebida não afetaria o desempenho da maioria que estava na bagunça.

Chegamos na pousada São Rafael, em Urubici, depois da 1h. Estava frio pacas. Sai do ônibus rapidinho, interessada em encontrar minha cama. No quarto dividido com a Karol e a Tereza liguei o colchãozinho elétrico e enfrentei o chuveiro. A noite foi curta.

1o Dia de Pedal: Urubici -> Anitápolis Acordei animada, o dia estava lindo, ensolarado e quentinho.
No café da manhã fomos recepcionados pelos donos da pousada, um casal de idosos muito simpatico e atenciosos, tudo fresquinho e delicioso.

Ao sair do café encontrei toda a galera no pátio ajustando suas bikes e nem me incomodei muito ao saber que meu freio havia trincado no transporte das bikes, pelo menos continuava com a possibilidade de freiar. Teve gente com problema pior, os freios do Alexandre, por exemplo, não estavam funcionando, imagine o desespero ... conseguirar dar um jeitinho numa loja de bikes da região. O pedal se iniciou as 9h30 sob um sol de 22oC, inacreditável considerando-se que nevou naquela mesma semana em Urubici.




Saímos pedalando num ritmo tranquilo, curtindo a natureza exuberante de Urubici.
A primeira parada foi na gruta de Nossa Senhora de Lourdes, pausa para fotos e para consertar a corrente quebrada da bike novinha em folha do Nivaldo.



Vale comentar a passagem pelo acesso ao Morro da Igreja, nosso local de visita nos pedais em Urubici, desta vez passamos direto. Mais 18km de subidinhas, 1 raio quebrado do Alexandre e chegamos ao inicio da Serra do Corvo Branco por volta do 12h. Certamente lá em cima rolou uma pausa grande para admirarmos a beleza do local, fazermos um lanchinho, agruparmos e tiramormos muitaaas fotos.


Antes de literalmente descer muito paramos em mais dois mirantes. A visão é alucinante e, de certa forma, assustadora. A serra é toda em estrada de chão, super estreita e com as descidas mais íngrimes que eu já vi.
Já na minha primeira rampa meu pneu trazeiro escorregou, escapei de uma queda por pouco. Isso me deixou muito cautelosa, preferi descer bemmm devagar. No meio da descida mais um mirante. Tivemos a notícia de que uma das colegas, a Karolzinha, havia caído. Aguardamos sua chegada e o João, super preparado, lavou os machucados e enfaixou o cotovelo ralado da colga. O tombo foi meio feinho, rasgou o corta vento e a blusa de baixo em vários pontos.




Finalizando a descida paramos numa cidadezinha logo abaixo da serra, se não me engano se chama Aiuré, lá fizemos uma pausa grande para repor as energias. A galera mandou ver nos X isso e X aquilo. Eu comi meu sanduichinho delicioso e completei com o bolinho (hummmm). Tahhhh bom ... confesso que tomei um copão de pepsi, não sou muito fã, mas estava geladinha e desceu fácil. Até prepararem todos os Xs deu tempo para deitar na grama e relaxar um pouquinho.
Antes de prosseguirmos, por volta das 15h30, rolou uma pequena reuniaãozinha. Nosso horário estava bem atrasado e já era certo que teríamos que pedalar a noite, a noticia me preocupou bastante, aja visto que Eu e uma galera estávamos sem farol.

Saindo de Aiuré continuamos seguindo por estradas de chão. Pegamos um "atalho" para não precisarmos passar por Braço do Norte. Dalêee subida. Paramos num sitiozinho para abastecer as garrafinhas d'água e aproveitamos para comer algumas laranjas açucar e pedir referências sobre o caminho.

A partir dali adentrantamos realmente no meio do nada. O sol começou a se por e ainda faltavam uns 30km. O que fazer? Nossa única opção era pedalar, baixar a cabeça e pedalar. Sinal de celular eu não via desde Urubici, pouquíssimas casas, nenhum ponto de apoio ...



Com a escuridão tudo ficou ainda mais difícil. No inicio fiquei com muito medo das descidas e cheguei a discutir com o Cassio e com o João, queriam que eu descesse usando aproveitando a luz do Cassio, mas eu estava com medo e insegura. Com o tempo fui me adaptando e ficando mais confiante, foi o jeito né!
Nos últimos 20km o problema maior foram as subidas, não aguentava, não tinha mais forças nem para tentar subir e nesta situação o jeito foi empurrar.
Não precisa nem dizer que ficamos escumungando todas as gerações dos organizadores (coitados) como se eles fossem os culpados de estarmos naquela roubada. A verdade é que todas as informações foram passadas aos interessados, todos tiveram acesso a roteiro, trajeto, altimetria, kilometragem... Neste caso, nós mesmos nos colocamos na "roubada".
Naquela situação extrema a cabeça fica rodeando em mil pensamentos, o que mais desejamos é não estar ali, ficava pensando que Eu podia estar na minha casa quentinha, vendo filme, comendo pipoca, com os amigos ... mas a verdade é que quem estava ali é porque realmente ama pedalar, gosta de aventura, curte estar no meio da natureza, desvendar novos mundos, passar por novas experiências e isto meus amigos, NÃO TEM PREÇO.

Chegamos em Santa Rosa de Lima às 21h, faltavam ainda 23km de estrada de chão até nosso destino final, Anitápolis. Eu, mal humorada que estava, com dores nas pernas e o ombro ferrado, já havia descidido no caminho que só pedalaria até Santa Rosa, estava no meu limite, mas graças a Deus eu não era a única.
Reunindo o grupo surgiram duas opções: dormir em Santa Rosa de Lima ou arranjar um transporte até Anitápolis. Seguimos com a segunda opção, salvo 6 corajosos que descidiram continuar o pedal e cumprir todo o trajeto (Maicon, Renato, Nivaldo, Alexandre, Polho e Marcio)

O transporte na verdade era um caminhão super velho. Foi dificil colocar as 17 bikes em cima dele. Dos 17 cilistas, 8 foram de taxi, Eu, a Karol e a Tereza fomos na cabine e 6 loucos foram na carroceria do caminhão (Elyandro, João, Tiago, Cristian, Clécio e ?). Eu e as meninas ficamos com pena dos piás, estava muitoooo frio.



Chegamos na pousada 23h. Fiz meu chek-in e fui direto para o banho. O que eu mas precisava naquele momento era de banho quentinho, só que não rolou, a água estava no máaaaaximo morna. Tive que lavar o cabelo e tudo o mais passando frio. A Karol arranjou um secador, o que ajudou a esquentar um pouquinho após o banho. Deitei um pouco e ... sem chances de sair da caminha quentinha e confortável para jantar, estava numa moleza sem tamanho. Capotei. Não vou dizer que tive uma noite maravilhosa de sono, mas certamente rolaram algumas horas de hipernação.

2o dia de Pedal: Anitápolis -> Ciclovil Acordei cedinho e às 7h30 já estava prontinha no café, torcendo para que não houvessem muitos atrasos e apavorada com a possibilidade de ter que pedalar a noite e mais um dia.
Um pouco antes da saída, por volta das 9h (isso atrasou tudo de novo), rolou uma chuva e todos tiveram que encapar seus alforjes e a si mesmos.

O caminho de volta eu conheço em partes, lembrava bem da primeira subida que teríamos pela frente (foi uma descida alucinante num outro momento), 6km sem descanso. Zerei de boa. A partir dali mais 30km de subidas e descidas. Enquanto as subidas eram só asfalto fui de boa, mas quando o asfalto acabou e começaram os morros de barro e lama tive que empurrar novamente algumas vezes. O bom é que formamos um grupinho no fundão pra lá de animado, não perdemos o bom humor (Aline, Elyandro, Jairo, Tereza e Cristian).

Ao chegar em Rancho Queimado cogitei a possibilidade de pegar uma carona com a esposa do Cassio que viria buscá-lo, mas felizmente optei por continuar o pedal. Naquele ponto pegamos mais um atalho (imagine meu medo), só que desta vez foi só alegria, 9km de descidas alucinantes, sem folga. Quase no fim da descida, pausa para roubar vegamotas, quem me conhece sabe como gosto disso, deliciaaaaa.

Pedalamos até a BR 282, passando por São Bonífácio, e paramos para um almoço-lanche num posto não exatamente onde.

Dali seguimos sem parar, pela BR 282, até a Ciclovil, passando por Aguas Mornas, Palhoça ...
Na última descida, quando avistei todos aqueles prédios no kobrasol, a alegria foi enorme. Uma sensação de prazer, satisfação e orgulho tomou conta de mim e certamente de todos.


Ao chegar em casa, por volta das 17h, fui direto para o banho, estava precisando.
Após o banho ... descanso merecido vendo filminho.

Resultados: