quinta-feira, 14 de março de 2013

Circuito Vale Europeu (26 a 30/12/2012)

Faziam 2 anos que eu não tirava férias coletivas, prefiro trabalhar neste período, visto que é uma época super difícil e cara para se viajar. Mas, já estava combinado com meu colega de função, que este ano quem ficaria de plantão era ele.

Em setembro, recebi um email do grupo com quem pedalo com mais frequência, Pedal da Bananinha Bikers, falando que pretendiam fazer o Circuito Vale Europeu entre o Natal e o Ano Novo. Fiquei super animada.

A ideia era fechar um grupo de pelo menos 12 pessoas para viabilizar transporte/apoio e conseguir barganhar preço nas pousadas. Deu certo.

Primeiro dia: 26/12/2012
Percurso: Timbó – Pomerode
Distância: 46km
Ascenção Total: 510m

Chegado o grande dia. Foram sugeridos alguns pontos para embargue, pedipara que me pegassem em Biguaçu, visto que era caminho e estava morando lá. Fui a última a ser “recolhida”. Eu não conhecia alguns dos integrantes do grupo, entrei meio tímida e sentei lá no fundão com o Cícero e a Samira.

Recebi da Samira a notícia de que ela não pedalaria, em decorrência de um problema no ciático, uma pena.

Chegando em Timbó, fomos direto ao restaurante Thapyoka. O pessoal ficava falando do tal restaurante e eu já estava sonhando com as tapiocas (adoro), mas nada, é só o nome do restaurante mesmo. O restaurante estava lotado (não de cicloturistas), mas a comida até que era boa.


No pagamento do almoço compramos também nosso passe, que iríamos carimbar em alguns pontos do Circuito, dando-nos, ao final, o direito de um certificado de conclusão do percurso. Junto ao passe ganhamos um guia do trajeto. Algumas pessoas podem achar tudo isso totalmente desnecessário, na verdade é, mas achei que seria uma recordação legal.


Depois do almoço, ajeitamos nossas magrelas e nos preparamos para o início do pedal. Algumas pessoas tacharam o grupo de louco quando comentamos que faríamos o Circuito nessa época do ano e já nos primeiros quilômetros entendemos o porquê.

O clima estava absurdamente quente, vinha um calor de todos os lados, um bafo que parecia brotar da terrar e nos encapsular. Ficava aquele bafão impregnado ao meu redor e eu suava que nem louca. Parávamos a cada 3km pelo menos em busca de uma sombra ou uma coca-cola gelada. Quem me conhece sabe que não sou de tomar refriegerante, mas gente, eu bebia qualquer coisa gelada que colocavam na minha frente.



Estava com uma caramanhola de maltodextrina e dois litros de água no camelback. Não tinha dúvida de que a malto iria esquentar, mas não imaginava que até a água do meu camelback iria ferver, meu Deus estava insuportável.

O ônibus estava nos acompanhando e juro que pensei algumas vezes em desistir, mas sabia que se pedisse arrego, já no primeiro dia, não conseguiria completar o trajeto.

Lá pelo km 30 encontramos um riozinho com uma pequena queda, onde haviam muitos moradores se banhando. Estava na frente com mais alguns colegas e nem precisamos conversar para decidir parar, automaticamente nos direcionamos ao rio. Fui a primeira a me jogar. O banho deu novo animo para cumprir os km restantes.



Chegamos em Pomerode já no final da tarde. A pousadinha reservada era linda. Demorou um pouquinho para conseguirmos nos acertar com os quartos, mas por fim deu tudo certo. Dividi o quarto neste e em todos os outros dias com a colega Solange, que eu não conhecia, mas tornou uma ótima amiga e companheira de pedal.

Mochilas ajeitadas no quarto, banho tomado, roupinha cheirosa ... só faltava preencher o buraco que havia no meu estêmago.

Seguimos a sugestão de dois meninos de SP que estavam chegando do jantar (André e Rodrigo) e fomos jantar numa pizzaria. Chegando a pousada desabou o maior pé d’água, entramos dividindo guarda-sóis (rsrsrs). O lugar era super aconchegante (meio carinho até para uma viagem de cicloturismo), conseguimos sentar todos numa mesa e foi uma ótima forma de nos conhecermos um pouco mais de forma bem descontraída. Alguns arriscaram até uns chopinhos.

Após todos estarem satisfeitos, hora de voltar para pousada e nos prepararmos para dormir, afinal o próximo dia seria um pouco mais puxado.

Antes de dormir acessei a previsão do tempo e fiquei um pouco mais tranquila, a previsão era de muita chuva. Sério, no momento estava preferindo chuva do que o calor infernal que fez durante o dia.


Segundo dia: 27/12/2012

Percurso: Pomerode – Indaial – Rodeio
Distância: 69km
Ascenção Total: 690m

Choveu quase a noite toda. Além disso, eu que não sou acostumada a comer tarde, nem tanto, fiquei rolando horas até conseguir pegar no sono.

Combinamos de tomar café da manhã as 7h e neste horário eu estava lá, prontinha e ... sozinha. Acabei sentando com dois cicloturistas de SP (André e Rodrigo). Foi bom, otima oportunidade para se trocar figurinhas. O pessoal foi todo chegando na sequencia.

Saímos da pousada quase 9h, o tempo estava nublado, delicioso para pedalar.



Pedalamos alguns quilômetros dentro da cidade, no asfalto, mas logo adentramos ao campo, paisagem verde, sobe e desce. Era isso que buscávamos, não?

Numa das subidinhas, ao mudar de marcha caí meu primeiro (e único) tombo do percurso. Foi bem bobo, mas como demorei para me recompor, foi suficiente para o Cícero, sempre de plantão, registrar o momento.

Iamos subindo cada um no seu ritmo, mas sempre parávamos para reagrupar e dar umas risadas.




A paisagem era sempre linda, bem o que se espera do campo. Quando eu via uma casinha fofa, como a da foto abaixo, não resistia e parava para tirar uma fotinho.


Chegamos em Indaial verdes de fome e ... eis que tudo na cidade estava fechado, inclusive os restaurantes. Acabamos descobrindo que no período entre Natal e Ano Novo os comerciantes também tiram férias. E os visitantes como ficam? Bom, que se virem (rsrsrs).

Encontramos uma lanchonete bem meia boca meio aberta, a senhorinha topou fazer uns lanches para o pessoal (foi comprar os pãoes no mercado). Com a fome que o povo estava, qualquer coisa estava bom. Ganhei um pão com salada "delicioso", caiu super bem.

Comemos, conversamos sobre a continuidade do trajeto, demos umas risadas e decidimos continuar o percurso, que nos levaria até Rodeio.

Fomos na frente Eu, Solange e Ursula. Pegamos uns bons quilometros de asfalto e deu para acelerar um pouco, a Ursula acabou ficando mas pra tras com o Charles e o Jaime nos alcançou.

Passamos por um criadoro de avestruzes e paramos para dar uma observada.
A avestruz da foto abaixo também se interessou pela gente. Ela vinha e voltava até a grade. Num momento em que viu o Jaime mais sozinho, fez uma dança que eu e Solange chamamos de dança do acasalamento, dificil de explicar. Ela chegou bem perto da grade, começou a balançar as asas, se abaixou, jogou a cabeça para trás, continuou se balançando, levantou e olhou pro Jaime, como quem diz, venha (rsrsrs).


Convencemos o Jaime a continuar com o percurso (rsrsrs) e seguimos pedalando. Agora com a companhia da Ursula e do Charles.

Teve um momento onde foi necessário tomar uma decisão, segundo o Jaime tinhámos que virar a direita no asfalto, e foi isso que fizemos. Ninguém do grupinho lembrou que deveríamos descer num viaduto e contorná-lo.

Como não aparecia mais ninguem do grupo resolvemos esperar ... esperamos um bocado e nada. Por sorte neste trecho havia sinal, ligamos e descobrimos o equivoco. Por fim, decidimos seguir pelo asfalto e ir direto para Rodeio via asfalto. O resto do grupo acabou pedalando uns quilometros a mais, por estradas de chão.

Chegando no portal de Rodeio juntamos os grupos e seguimos em direção a pousada. No meio do caminho caiu um baita pé d'água, chegamos na pousada enxarcados. Até que foi divertido.

Já na pousada todos entramos, nos acomodamos, tomamos nosso banho, alguns foram ao mercado comprar o lanche do dia seguite e saimos para jantar.
Prato da noite???? Pizza (rsrsrs).


Terceiro dia: 28/12/2012

Percurso: Rodeio – Cachoeira do Zindo – Dr. Pedrinho
Distância: 64km
Ascenção Total: 1120m

Acordei, depois de mais uma noite mal dormida, coloquei minha roupicha de pedal e desci para tomar o café da manhã. Nossa ... que café. Suquinho Natural, doces de frutas, pão de queijo, comidinhas de sitio ... comi um bocado. Quando estamos pedalando sempre achamos que podemos comer mais, vamos gastar calorias, não? (rsrsrs)

Após o café, me juntei as meninas e preparamos os lanches do caminho. Pão com ovo e pão com queijo, presunto (para os que comem) e salada.

O terceiro dia prometia grandes subidas. Planejamos sair cedo, mas num grupo tão grande acaba não sendo tão fácil.


Nos despedimos do casal que nos hospedou, dois fofos, e pegamos a estrada. Nos perdemos um pouco no inicio, mas logo encontramos o caminho. Mal deu para se aquecer e já encontramos o primeiro morro, que prometia ser muitooooo longo, 8km. Sem problemas, o tempo estava fresquinho, a galera como sempre de bom humor, a barriguinha cheia ... só o que tínhamos que fazer era pedalar.

A subida do morro é muito linda. Toda margeada de hortências e com estatuas de anjos por toda parte.



Num trecho mais plano, depois de alguuuns quilometros de subida, encontramos a estátua de um Cristo Redentor e, claro, paramos para mais umas fotos. Acabamos encontrando um senhorzinho muito simpático, que disse que as estatuas foram colocadas por ele.


Seguimos subindo e praticamente no topo do morro encontramos a casinha da foto abaixo, toda anuviada, com uma vista incrível, já me imaginei morando lá (talvez só por um tempo rsrs).


Como diz o ditado, depois de uma subida há sempre uma descida, dito e feito. Vamos que pra baixo todo santo ajuda.

Próxima parada foi na placa que sinaliza a Cachoeira do Zinco (mais de 70m), um dos cartões postais do Circuito. Ir até ela nos acrescentaria 16km, 8km de ida e 8km de volta, mais um baita morro, mas como deixar de ir?


A subida até a cachoeira é de chorar, queimou as coxinhas, mas a vista do caminho é linda e a chegada a cachoeira recompensante.


A Cachoeira do Zinco é apenas para olhar, mas bem perto do mirante tem um cachoeira menorzinha, onde tomamos um banho renovador. A água estava muitooo gelada, ao ponto de adormecer, mas ao mesmo tempo penso que renovou nossas energias.



Aproveitamos o barulhinho da água, fizemos nosso pic-nic e descansamos um pouquinho.


A volta é aquela maravilha, afinal subimos 200m e agora temos que descer os mesmos 200m. Pena que descer é sempre tão rápido.


O caminho até a Pousada em Dr. Pedrinho é longo e cansativo. Pegamos um pouquinho de chuva, mas nada que chegasse a atrapalhar a diversão. 

A pousada era simples, mas confortável, fica em cima de um restaurante, que foi onde jantamos. Tinha até um sanduiche veg no cardápio, foi minha opção. 
Antes de jantar os meninos lavaram todas as bikes e correntes, as magrelas estavam precisando.


Quarto dia: 29/12/2012

Percurso: Dr. Pedrinho – Alto Cedros
Distância: 42km
Ascenção Total: 860m

Hoje fui a primeira a chegar no café novamente, não gente, não sou morta de fome, sou engenheira, quando falam 7h, para mim é 7h (rsrsrs). O pessoal foi chegando em seguida.

Após o café, tiramos todas as bikes do depósito, os meninos passaram um oleozinho, tiramos a fotinho do dia e fomos saindo.
  

O quarto dia prometia ser um dos mais fáceis, mesmo com um grande acumulado de subidas. Na verdade, se tratava de um descanso merecido após o eforço do terceiro dia e uma trégua para recupermos as energias para o desafio que seria nosso último dia.

O trajeto foi relativamente tranquilo, como já avisado não encontramos muita coisa pelo caminho, nada de bares, restaurantes, poucas casas ... mas muito verde. Para garantir fomos munidos de pão, água, biscoitos, chocolate ... essas coisas que tem nos servido de reifeição nos últimos dias.



Em alguns momentos a estrada fica super estreita, com muitas árvores. Como tem chovido todo final de tarde, nos deparamos com uns trechos meio pesados devido a lama.

Numa parte do trajeto tivemos que passar por dentro de um rio, como temos um ônibus de apoio, acabamos todos nos envolvendo na passagem dele pelo rio. Foi divertido.

Como não encontramos um carro sequer por horas, acabamos parando no meio da estradinha e montamos nosso pic-nic. Mas claro, lei de Murphy, apareceu um carro quando todos estavam super acomodados no chão (rsrsrs).

O ponto final do percurso do dia é uma represa, ao redor dela ficava nossa pousada, a Pousada dos Dowe. Nos perdemos um pouco antes de encontrá-la, tivemos que voltar parte do percurso, mas por fim deu tudo certo.

Seu Dowe veio nos esperar na beira da represa e nos atravessou de barquinho. Alguns colegas mais animados preferiram dar a volta na represa e chegar na pousada pedalando. Confesso que adorei o passeio de barquinho.


Após atravesarmos a represa, esperamos os colegas tomando um cervejinha e a chuva caiu forte. Os colegas chegaram encharcados, mas sem perder o bom humor.

A Mulher do Seu Dowe nos preparou arroz e feijão, meu Deus, era tudo que eu e a maioria precisava. Comemos e repetimos, foi delicioso.

Depois do jantar tomamos banho e voltamos para umas rodadas de truco. Preciso registrar aqui que as meninas rapelaram os meninos. 
:D


Quinto dia: 30/12/2012

Percurso: Alto Cedros – Palmeiras – Timbó
Distância: 96km
Ascenção Total: 1510m

Planejamos acordar cedinho, porque o dia, com a maior quilometragem do circuito, prometia ser intenso.

Tomamos café da manhã "com as galinhas" e saimos na sequencia. Novamente, parte do grupo passou a represa de barquinho e a outra parte contornou pedalando. Como o dia prometia, optei por ir de barquinho.






Após a passagem pela represa, engrenamos no pedal, nosso pensamento era de que o grupo que já estava pedalando, super aquecidos, nos alcancariam a milhão.
Fizemos alguns quilometros contornando a represa, sei que se trata de um ambienta não natural, mas a vista é bem bonita. Interessante ver como o pessoal vai populando os arrdores, todos querendo uma vista tranquila, um acesso ás aguas. 



Assim que deixamos de ver a represa passamos a percorrer umas estradinhas menos importantes, caminhozinhos com flores, arvores, casinhas modestas.




Num certo ponto do percurso encontramos uma baita cachoeira na beira da estrada, achei incrivel. Tiramos muitas fotos, mas o que eu queria mesmo era me banhar. Como o dia ia ser longo, o pessoal estava com um pouco de pressa, acabei apenas me molhando um pouco. Por mais que esteja nublado, o calor é grande.



Neste dia, depois do nosso tradicional pic-nic com pão e refrigerante (meu Deus, deu né rsrsrs) eu e minha colega de quarto, Solange, fizemos grande parte do percurso sozinha. Sabíamos que teríamos grandes subidas e descidas pela frente e ambas ficam meio tensas com aglomeros nesses momentos.

Subindo nosso último grande morro, o pior de todos, muito íngrime, o sol resolveu aparecer e piorar ainda mais a situaçao. Meu ombro que estava me incomodando desde o segundo dia, já estava nas últimas. Para aguentar a dor e queimação que estava sentindo resolvi amarrar um saco de gelo, foi a salvação (ou a garantia de poder continuar).


O calor não deu trégua até o final do morro, quase no topo encontramos uma pedra onde escorria um pouco de água, me deitei nela e fiquei me molhando naquela aguinha gelada, que delicia. Como não tinhamos mais água e não sabíamos a que distância estava o carro de apoio enchi minha caramanhola ali mesmo (que perigo).


Refrescou um pouco, mas continuava sonhando com um bom banho de rio, bem geladinho. Muito injusto estar pedalando margeando o rio e não poder se banhar. Falei para a Solange que entraria no próximo ponto de acesso, e assim o fiz.

Que delicia. Como não estava de biquini o banho foi de roupa e tudo, só tirei a sapatilha.



Após essa baita subida ... veio a baita descida. Nossa, amarelei. Meu ombro doia muito e, como precisava de força no freio em alguns pontos, teve momentos que optei por descer empurrando.

Após a longa descida, percorremos um trajeto mais plano até chegarmos em Timbó, nosso destino final. Mas de Timbó até o ponto final, no centro da cidade, ainda demorou um bocado. Já estava pedalando com um braço só (ai ai). A chegada foi só emoção. Nos abraçamos, tiramos fotos e tomamos um chop de trigo geladinho para comemorar.

Fiquei muito satisfeita com a viagem. Incrivel como conseguiram reunir um grupo tão legal. Nada de brigas, nenhum desentendimento, nenhum bico, nada de mau humor. Já participei de outras viagens e sei como isso é raro.

O balanço final foi: fiz OTIMOS novos amigos, passei vários dias de bom humor, estive em companhias muito agradáveis, dei muitas gargalhadas e gastei pouquissimo ...

Espero viajar com os AHAMs BIKERS muitas outras vezes.